domingo, 27 de abril de 2008

Coisas pequenas e belas, que poucos observam na fugacidade do dia.



III

De quem é o olhar
Que espreita por meus olhos ?
Quando penso que vejo,
Quem continua vendo
Enquanto estou pensando ?
Por que caminhos seguem,
Não os meus tristes passos,
Mas a realidade
De eu ter passos comigo ?

Às vezes, na penumbra
Do meu quarto, quando eu
Por mim próprio mesmo
Em alma mal existo,
Toma um outro sentido
Em mim o Universo -
É uma nódoa esbatida
De eu ser consciente sobre
Minha idéia das coisas.

Se acenderem as velas
E não houver apenas
A vaga luz de fora -
Não sei que candeeiro
Aceso onde na rua -
Terei foscos desejos
De nunca haver mais nada
No Universo e na Vida
De que o obscuro momento
Que é minha vida agora:

Um momento afluente
Dum rio sempre a ir
Esquecer-se de ser,
Espaço misterioso
Entre espaços desertos
Cujo sentido é nulo
E sem ser nada a nada.
E assim a hora passa
Metafisicamente.

Fernando Pessoa

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Humanidade

Chover - Cordel do Fogo Encantado

"O sabiá no sertão
Quando canta me comove
Passa três meses cantando
E sem cantar passa nove
Porque tem a obrigação
De só cantar quando chove. "

domingo, 13 de abril de 2008

"Juno", o Filme

Bom, não gostei do filme.
rssr

Achei tudo muito frio e desumano. Não sei se é o modo como os americanos lidam com tudo isso, gravidez, nascimento de uma vida, caráter e sociedade ... Nem sei se estou sendo muito conservadora. Mas o enredo e o desfecho me deixou meio decepcionada.
Há que se fazer exceções à belíssima atuação da atriz principal e de todo o elenco, além da trilha sonora que marca muito o filme, são ótimos.

Enfim, algumas cenas são bem legais quando observadas fora do contexto. É o caso daquela no final em que o jovem casal toca violão e canta a música "Anyone Else But You" .
(O vídeo http://br.youtube.com/watch?v=nBDbUVXXp-U )

Mas pra quem ainda não assistiu, não desanime, é curtir as partes cômicas e as músicas.
E claro, toda a atuação do bom time de atores. Cada opinião é única.


- see you!!

Sempre : Mário Quintana

Ah! Os Relógios

Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vida
sem seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...

Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.

E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...